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Parosmia: A tão temida sequela do Covid-19

Imagine a seguinte situação: você acorda de manhã, prepara uma xícara de café e um pão na chapa. Mas, ao invés de sentir aquele cheiro de café fresquinho e de manteiga derretida, sente cheiro de cigarro e de esgoto.


A maioria das pessoas que tiveram alterações no olfato e no paladar pela COVID-19, perdeu total ou quase totalmente sua capacidade de sentir cheiros e gostos, mas, dentro de algumas semanas, recuperaram totalmente esses sentidos.


Porém, uma parte desses pacientes vem apresentando uma distorção dos mesmos, ainda que tenham se recuperado da infecção pelo vírus. Ela, geralmente, está associada a sensações desagradáveis, como odor de esgoto, de queimado ou de comida estragada.


Essa alteração no olfato é conhecida como Parosmia e pode acometer também pacientes com outras doenças, além da COVID-19. Não se sabe ao certo como ela afeta nosso organismo, mas vou tentar explicar.


O epitélio olfatório, localizado na região mais alta da nossa cavidade nasal, possui mais de 10 milhões de receptores nervosos. Quando uma partícula odorífera atinge essa região, estimula um grupo específico de receptores, que deflagram um impulso nervoso, que faz nosso cérebro perceber aquele cheiro específico.


O que deve acontecer na Parosmia é que, depois de uma lesão do epitélio olfatório, há uma cicatrização deficiente nesses receptores, de forma que aquela mesma partícula odorífera não estimule mais os mesmos, modificando assim a percepção do nosso cérebro sobre aquele mesmo cheiro.





Assim como não sabemos exatamente o que acontece na Parosmia, as opções de tratamento também são escassas. O treinamento olfatório sempre será recomendado para estimular os receptores “desligados” a retomarem seu funcionamento. Outras opções de medicamentos também são possíveis, mas podem não apresentar resposta.


O prognóstico dos pacientes com Parosmia é variado: uns podem ter uma melhora rápida, já outros podem permanecer definitivamente com essa sequela, que geralmente está associada à sensação de isolamento, frustração e prejuízos para a qualidade de vida e emocional, devendo eles buscar auxílio de outros profissionais e redes de apoio para lidarem melhor com esta condição. (Post baseado no documentário feito por Yara Elmjouie, que investigou a ciência por trás dos cheiros e gostos e o impacto da distorção desses sentidos na vida das pessoas. Vale a pena assistir!)

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