Os cinco sentidos, (olfato, paladar, tato, visão e audição) nos conectam ao mundo ao nosso redor e nos permitem perceber e interagir com o ambiente. Além da fundamental noção de segurança e perigo, são os 5 sentidos que nos proporcionam os prazeres da vida e estão intimamente conectados com nossas emoções e memórias. Apesar de ser perfeitamente possível viver uma boa vida com deficiências sensoriais, qualquer perda pode trazer grande impacto em nossa qualidade de vida. O conceito de 5 sentidos no mundo ocidental foi descrito por Aristóteles, mas curiosamente, o budismo também tem seus 6 “saḷāyatana”, que compreendem os 5 sentidos aristotélicos e a “mente”. Mas o responsável por consolidar os chamados cinco “dons” externos foi William Shakespeare, que também explorou os 5 “dons” internos: bom senso, imaginação, fantasia, afeto e memória. Tem também, o famoso sexto sentido, em geral associado a intuição e dons sobrenaturais. A verdade é que existem mais do que apenas 5 sentidos. O equilíbrio, a capacidade de sentir dor e diferenciar calor e frio, por exemplo, são alguns deles. Mas por que estou falando dos cinco sentidos? Como otorrinolaringologista, faz parte do meu dia a dia estudar e tratar a maior parte dos sentidos humanos, mas no momento que vivemos, gostaria de chamar atenção para dois deles: o olfato e o paladar. Desde o início da pandemia de COVID-19, estou conduzindo com outros colegas um estudo multicêntrico envolvendo 19 centros em todo o Brasil para pesquisar a perda de olfato e paladar em pacientes com COVID-19, que promete ser um dos mais importantes em todo o mundo. E apesar de a maioria dos pacientes apresentarem uma recuperação total nestes sentidos, alguns ainda persistem com essa disfunção. Nos próximos dias, pretendo fazer uma série de posts e stories com o objetivo de conscientizar médicos e pacientes sobre a importância de se valorizar e tratar a perda de olfato e paladar, principalmente a secundária ao vírus Sars-Cov 2.